😡 O caso das vinícolas com trabalho escravo vai virar pizza
Acordo caminha para ajustamento de conduta sem punição
Ao menos uma das vinícolas gaúchas envolvidas no uso de trabalho escravo está se reunindo com bancos: a Salton.
Caso a empresa seja condenada e entre na “Lista Suja” de trabalho escravo, os bancos são obrigados a cortar linhas de crédito. O motivo primeiro, então, é a própria sobrevivência. A peregrinação pra evitar que o dinheiro suma está sendo feita pelo próprio presidente da empresa, Daniel Salton, e pelo CFO (tesoureiro, em linguagem humana) Marcelo Lucchese. As informações me foram passadas por uma fonte anônima.
Antes de mais nada: eu não desejo que essas empresas quebrem. Esse punitivismo inconsequente estilo Lava Jato destruiu nosso setor de construção pesada e também boa parte da nossa cadeia de petróleo. (Ironicamente, alguns empresários agora enrolados nesse caso foram e ainda são 100% a favor desse tipo de perseguição penal insana.)
Vale lembrar que a Lava Jato acabou com 4,4 milhões de empregos e o Brasil perdeu 40 vezes mais dinheiro do que foi recuperado pelo desastre do falso “combate à corrupção”. (estudo do Dieese)
Mas entre a impunidade e a destruição de um setor produtivo há justamente o terreno que deve ser explorado pela Justiça. E parece que estamos diante de um triste caso com sabor de impunidade.
🧶 Pra começar: o presidente da Salton abriu algumas dessas conversas se mostrando muito descontente com a imprensa. Quando sua maior indignação é contra quem denunciou um casso nojento como esse, do qual sua empresa se beneficiava financeiramente – mesmo que você alegue ignorância, como alega –, bem, não preciso dizer muito.
Bastidores da reunião
O CFO Marcelo Lucchese fez uma linha do tempo detalhada sobre o tema para explicar aos bancos a situação do ponto de vista da vinícola. A Salton, disse ele, contratou a empresa terceirizada uma única vez, para duas noites e dois dias de descarga durante a colheita da uva. Na avaliação dele, o caso passou batido em meio às contratações feitas nessa época do ano.
Teriam sido 14 pessoas que trabalharam para a Salton nesse caso. Segundo o CFO, a Salton não conseguiu vincular nenhuma dessas pessoas aos resgatados. Ainda assim, a Salton já pagou a rescisão contratual desses trabalhadores.
Impunidade
Durante a reunião, ouviu-se que a Salton está costurando um Termo de Ajustamento de Conduta com as autoridades. O bom disso? Elas terão que se comprometer com diversas ações para evitar casos futuros como esse. Uma carta já foi divulgada sobre as intenções da vinícola, que faturou R$ 500 milhões em 2022 – mas que não consegue encontrar mão de obra, segunda o Centro da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves, por culpa do Bolsa Família.
O ruim: elas não serão multadas e nem punidas
😡 Pela gravidade do que aconteceu na serra gaúcha, o cheiro de pizza é inevitável, sobretudo porque a Constituição Brasileira prevê até mesmo expropriação de terras e imóveis urbanos que façam uso de mão de obra escrava, sem indenização aos donos. De um extremo ao outro, a conta pode sair muito, mas muito barata para as vinícolas.
O Termo de Ajustamento de Conduta ainda não foi assinado. A expectativa é de assinatura ainda esta semana.
O que acham disso? Deixem comentários na caixa.
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⚖️ A Salton contratou o Escritório Machado Meyer (advocacia) e a Máquina de Notícias (gestão de crise/imprensa) para assessoramento no caso.
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Nova denúncia
Na reunião, também se comentou que a Fênix – a Empresa da cidade de Bento Gonçalves investigada por trabalho escravo e que, aliás, se recusa a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta e que não quer pagar multa nenhuma – tem contrato com mais de 20 empresas da região – dos setores de uvas e frango.
Uma delas foi descoberta hoje pelo site Headline, é a BRF. Quais são as demais empresas? O que os executivos da Salton sabem que nós não sabemos? Essa informação precisa vir à público.